Como preparar uma empresa para receber investimento: especialista explica os bastidores da captação bem-sucedida

Na corrida por capital, nem sempre vence a empresa com a melhor ideia — mas sim, a que está mais preparada para demonstrar estrutura, escala e sustentabilidade.

Esse é o ponto defendido por Robson Gimenes Pontes, especialista em estruturação empresarial com foco em atração de investidores e governança.

Com mais de duas décadas acompanhando o amadurecimento de empresas nos bastidores, ele explica que a preparação para uma rodada de investimento vai muito além de pitch decks ou projeções otimistas.

“É preciso mostrar que a operação está pronta para escalar. Investidor não investe em potencial solto — ele investe em processos capazes de multiplicar resultado.”

Segundo Robson, os principais pontos de atenção antes de buscar investimento são:

Maturidade dos indicadores

  • Ter dados confiáveis e bem organizados sobre faturamento, CAC, LTV, churn, margem operacional etc.
  • Evitar planilhas desconexas: dashboards integrados e auditáveis transmitem segurança.

Governança e compliance

  • Empresas com estruturas jurídicas frágeis ou contratos desalinhados costumam espantar fundos de investimento.
  • “O investidor quer dormir tranquilo. E isso só acontece quando vê que a casa está juridicamente em ordem.”

Escalabilidade comprovada

  • Um MVP validado é importante, mas investidores querem entender se a estrutura atual aguenta crescer.
  • Times treinados, processos replicáveis e tecnologia escalável contam muitos pontos.

Clareza de estratégia

  • Empresas que sabem onde querem chegar — e como — têm mais chances de atrair capital.
  • “Não basta dizer que quer expandir. Precisa mostrar o caminho técnico e comercial que será percorrido.”

Robson alerta para um erro comum: tentar captar sem ter esses pontos ajustados.

“Muita gente queima a reputação logo nas primeiras conversas com investidores porque vai despreparada. Depois, fica difícil voltar.”

Por isso, ele recomenda que as empresas passem por um processo de “organização para captação”, que pode durar de 3 a 6 meses dependendo do estágio. Esse processo inclui desde revisão societária até modelagem de produto e capacitação de lideranças.

“Quando a base está pronta, o investimento vem mais rápido — e com termos muito melhores.”

Nos últimos anos, Robson tem acompanhado de perto o movimento de amadurecimento do ecossistema empreendedor brasileiro. Para ele, o jogo está mais técnico.

“O investidor continua buscando inovação, mas agora ele exige muito mais estrutura. E quem entende isso sai na frente.”

Autor : Günther Ner

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